sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Eu

ESCUTEI NA FEIRA.

Hei, veja um quilo de feijão seu João.
Me da um pacote de tabaco seu Olegário.
O peixe apodreceu seu Bartolomeu.
Veja um quilo de charéu seu Manoel.
Sai, sai cachorro miserável.
Me da uma moeda pra eu comprar uma dose.
Olha o DVD, é pirata!...
Tá tudo muito caro seu Macário.
Me da um cigarro.
XÔÔÔ..., XÔ, XÔ.
Lá vem o Ivan.
Sai daí cara lho.
Eu achei um cabelo na comida do Anacleto.
O Jucy ta morto de bêbado.
O Alderi passou aqui falando asneira.
Tu vai levar uma terçada.
Olha o Açaí.
Me da um cigarro.
Flamengo ganhou.
Eu almocei com o prefeito.
Oi dona Maria preta.
A Nair não me quer, mas.
Moço me da um cigarro.
Ela é professora.
O muro vai cair.
Au, Au, Au.
Da umas tapas na cara dele.
Eu to com verme.
Olha o açaí
Me da um cigarro seu moço
Quanto é o teu programa
Coof, Cof, Cof, Cof...
Oi seu capal.
Oba gente boa.
Lavem a professora.
Paga uma dose.
E assim vão se passando os dias na feira.

AUTOR: M. FERNANDES


NO MEIO DO MUNDO

Aqui eu enxergo o mundo pra todos os lados.
Daqui eu vivo sorrindo para o meu criador
Aqui eu escuto o grito do Brasil sofredor.
No porto sem porto eu vivo feliz sem amor.
Na terra de risada, na terra de cutiára.
Cheira café a manhã.
Cheira trabalho.
O velho mascando tabaco.
Daqui eu falo com meu criador.
A rede balança vazia.
Parece a curupira.
É o vento que vadia.
Olha que o velho te atira.
Tenha um bom dia.
AUTOR: M. FERNANDES

CAMINHANDO E ERRANDO

A menina que se pintou.
O menino que brigou.
O aluno que não estudou
O velho que traficou.
O pastor que tramou.
A freira que abortou.
O Dr. Que furtou.
A professora que faltou.
O vigia que dormiu.
O gerente que desviou.
O gay que se apaixonou.
O hétero que virou.
O louco-tor que engasgou.
A febre que não passou.
O carro que capotou.
O mendigo que não pediu.
O prefeito que sumiu
O muro de arrimo que caiu.
O bebe que bufou.
A cirrose que te achou.
A polícia que te pegou.
Tu que apanhou.
Deus que te perdoou.
AUTOR: M. FERNANDES



SOSSEGO
Mata de verdes florestas.
Vento que bate no peito e me inspira
No rio que banha o teu olhar.
Estrada que não tem fim
É tu Araguari
Ali, bem aqui.
Estou no Rio Araguari.
Neste rincão do Amapá
Vivo a procura
Manoel e sua amada
Na sua canoa a remar
Bem ali, Bem aqui, estou no Araguari.
Manoel tranquilo na roça
Silvia sai pra despesca
Enquanto as crianças brincando
No rio a banhar.
Bem ali, Bem aqui, banhando no Araguari.
Segunda e terça se vão
Quarta e quinta também
O relógio velho se quebrou, não serve, mas pra ninguém.
O sol que marca meu tempo
A lua nova me guia
Meus passos e meus pensamentos
E assim se passam os dias
Ali, bem aqui, eu vivo no Araguari.


AUTOR: M. FERNANDES

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